quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

VULGO VUGAR

José Marcelo
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Queria ser outra. Diferente. Nada recatada. Meio puta que nada! Putona. Dessas que dão para todo mundo e não cobram nada. Dessas para uma rapidinha encostada no muro. Uma chupada dentro do carro. De joelhos, com o pau de qualquer um na boca. De quatro e levando por trás. Na bunda! Será que dói? Ouviu dizer que dói, mas que também é bom. Gemendo e gozando e ficando mal falada por aí. Não importa. Tem inveja dessas mal faladas. São procuradas. São desejadas. Fodem direto. Quando querem e como querem. Não ficam só na siririca, que nem ela. Vulgares mas realizadas, pensava ela.
Pensava essas coisas, sentada no banco de madeira dura, ficando meio molhada, não podia evitar – enquanto lá na frente o pastor pregava contra os pecados da carne:
– Impuras, sujas, imundas, pessoas pecadoras que arderão no inferno, todas elas!
É verdade, ela pensava, mas de que vale a carne se não pode ser aproveitada.
Depois desse dia, ela caiu na putaria. Ficou mal falada. E se lhe perguntassem, diria que nunca antes fora tão feliz.

 

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