quinta-feira, 29 de setembro de 2011

CRISE NAS DUAS TERRAS

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Era o começo dos anos 70. A toda poderosa DC Comics vinha de uma década onde viu surgir uma concorrente com capacidade de ameaçar diretamente seu dominio quase absoluto no mercado de super heróis : A Marvel Comics.

As conversações entre as duas grandes para um crossover, já vinham acontecendo ha muito tempo. A idéia de unir os dois universos era certamente bastante lucrativa. Após varias reuniões ficou decidido que dois heróis místicos das editoras seriam os protagonistas.

O Lanterna Verde original e seu anel mágico, encontra o mago supremo da Marvel, o Dr Estranho. A estratégia seria alavancar o Lanterna Verde,através da grande popularidade do Dr Estranho principalmente entre os Hippies.

O roteirista Roy Thomas da Marvel se uniu ao traço elegante do desenhista Garcia Lopez para produzir o primeiro crossover da Historia.

No roteiro o Lanterna Verde Alan Scott, tem sua lanterna mágica invadida, por uma entidade maligna que passa a controlar o anel e seu dono, utilizando os poderes místicos do mesmo para dominar o universo DC. A perturbação mística e tão forte que começa a afetar o universo Marvel. O Dr Estranho pressente o perigo e usando o olho de Agamotto , viaja ate o universo DC para enfrentar o perigo.

Destaque para a arte de Garcia Lopez, com influencias psicodélicas e surrealistas nunca mais vistas em seu trabalho posterior com super heróis.

A edição chegou a ser impressa, mas uma briga por royalties entre as duas editoras, fez com que o encontro nunca chegasse as bancas. Apenas anos depois, o encontro entre Superman e Homem Aranha, selou a colaboração entre as duas grandes.

Hoje esse crossover esta nas mãos de colecionadores, negociado a peso de ouro no mercado americano.

Por Jefferson Caverna Nunes

Em um universo paralelo qualquer.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

MAROTA

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e linda.

FERAS hackman e coppola

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A Conversação é um filmaço insuspeito. Perverso e contundente. Lento, mas instigante. É um filho dos anos 1970’s, época em que foram paridos os filmes mais fodas do cinema americano.

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TRECHO quando ela se foi

Harlan Coben

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– VOCÊ NÃO CONHECE O SEGREDO DELA – disse-me Win.
– E deveria?
Ele apenas deu de ombros.
– É grave? – perguntei.
– Muito.
– Então talvez eu não queira saber.

Dois dias antes de descobrir o segredo que ela havia guardado a sete chaves por quase uma década, algo aparentemente pessoal demais, que nos devastaria e mudaria nosso mundo para sempre, Terese Collins me ligou às cinco da manhã, transportando-me de um sonho quase erótico para outro. Sem rodeios, ela disse:

– Venha para Paris.

Fazia uns sete anos que eu não ouvia sua voz. Além disso, a ligação estava ruim e ela dispensou qualquer preâmbulo, sequer se dando o trabalho de dizer um “alô, como vai?”. Virei na cama e disse:

– Terese? Onde você está?

– No D’Aubusson. É um hotelzinho aconchegante na margem esquerda do Sena. Você vai adorar. Tem um voo da Air France que sai às sete da noite. Terese Collins. Recostei-me na cabeceira enquanto as imagens invadiam minha mente: o olhar hipnotizante, o biquíni que faria qualquer um perder a cabeça, a praia na pequena ilha particular com areias douradas pelo sol, o biquíni que faria qualquer um perder a cabeça...
O biquíni merece dupla menção.
– Não posso – falei.
– Paris – provocou ela.
– Eu sei.
Uns 10 anos atrás, nós dois fugimos juntos para uma ilha. Depois daquilo, pensei que nunca mais nos veríamos, mas estava enganado. Alguns anos mais tarde, ela ajudou a salvar a vida do meu filho. E depois, puf, desapareceu do mapa. Até agora.
– Pense bem – insistiu ela. – É a Cidade Luz. A gente pode fazer amor a noite inteira.
Engoli em seco e disse:

– Tudo bem, mas e de dia? A gente faz o quê?
– Se não me falha a memória, você vai precisar de um pouco de descanso.
– E de vitamina E para ajudar no desempenho – emendei, sorrindo sem querer.
– Não posso, Terese. Estou com outra pessoa.
– A viúva do 11 de Setembro?
Fiquei me perguntando como Terese poderia saber disso.
– É – falei.
– Mas não tem nada a ver com ela.
– Eu acho que tem.
– Você está apaixonado?
– Faria alguma diferença se eu dissesse que sim?
– Na verdade, não.
Passei o telefone para a outra mão e disse:
– O que é que está acontecendo, Terese?
– Não está acontecendo nada. Só queria passar um fim de semana romântico e sexy com você. Liberar as fantasias.
Engoli em seco novamente.
– Há quanto tempo a gente não se fala? Uns sete anos?
– Quase oito.
– Eu liguei para você – comentei. – Muitas vezes.
– Eu sei.
– Deixei recados. Mandei cartas. Tentei encontrar você.
– Eu sei – repetiu ela.
Seguiu-se um silêncio. Não gosto de silêncio.
– Terese?
– Quando você precisou de mim – disse ela –, quando precisou de verdade, eu não deixei você na mão, deixei?
– Não, não deixou.
– Venha para Paris, Myron.
– Assim, de uma hora para outra?
– É.
– Por onde você andou esse tempo todo?
– Quando você chegar eu conto.
– Não posso. Sou um cara comprometido.
Silêncio outra vez.
– Terese?
– Você se lembra de quando a gente se conheceu?
Havia sido logo depois da maior tragédia da minha vida. Acho que o mesmo poderia ser dito dela. Assim como a mim, um amigo bem-intencionado a havia levado a um evento bene* cente. No momento em que nossos olhares se cruzaram, foi como se a dor de um tivesse o efeito de um ímã sobre o outro. Não sou desses que acreditam que os olhos são a janela da alma. Já conheci uma quantidade mais que suficiente de psicopatas para saber que não se pode acreditar em uma balela dessas. Mas a tristeza era mais do que evidente nos olhos de Terese.

Na verdade, emanava do corpo inteiro. E, naquela noite, em que minha própria vida estava despedaçada, era exatamente disso que eu precisava.

Uma amiga de Terese tinha uma pequena ilha no Caribe, não muito longe de Aruba. Fugimos naquela mesma noite, sem dizer a ninguém para onde íamos. Acabamos passando três semanas lá, fazendo amor quase sem dizer nada, desfazendo- nos e desaparecendo um no outro, porque isso era tudo.
– Claro que lembro – falei.
– Nós estávamos arrasados. Não falamos disso um com o outro em nenhum momento, mas ambos sabíamos.
– É verdade.
– Seja lá o que aconteceu com você – disse Terese –, você conseguiu ir em frente. O que é natural. A gente cai e levanta. É destruído e se refaz.
– E você?
– Não consegui me refazer. Acho que nem quis. Eu estava despedaçada e talvez fosse melhor continuar assim.
– Não sei se entendi.
– Achei que... – ela quase sussurrou. – Quer dizer, ainda acho que não quero saber como será meu mundo depois de reconstruído. Acho que não vou gostar do resultado.
– Terese?
Ela não respondeu.
– Quero ajudar – falei.
Mais silêncio.
– Esqueça que eu liguei, Myron. Se cuida.
E desligou.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

TRAILER John morre no fim

O FORA

josé marcelo

De luca

- pervetido pedófilo tarado débil mental lunático de merda – disse ela.

- então… você não gostou?

- não, não gostei. claro que não. é só sobre isso que você sabe escrever? tenho medo do que se passa dentro dessa sua cabeça.

- são só histórias.

- são perversões. você é um pervertido. você vai apagar, claro.

- o quê? não, não vou.

- claro que vai. não vou namorar um pervertido.

- como se você não gostasse de perversões.

- nem se atreva a comparar. quer saber? eu vou nessa.

- pare com isso. você está sendo estúpida.

- tchau.

ela saiu batendo a porta, puta de raiva, ela que ficara toda orgulhosa de namorar um escritor quando ele lhe contara que finalmente começara a escrever um livro, aquele que estivera planejando desde sei lá quando, finalmente. mas não esperava aquilo. era pervertido demais. uma mistura de sexo e violência e não muito mais que isso. e ela nem lera tudo. bastara algumas páginas. bastara chegar na cena da jovem sendo estrupada e gostando disso. gostando! fora o fim.

ela entra no carro e o vê olhando-a da janela, parecendo francamente magoado.

- pervertido de merda.

ele ficou sozinho e ficou pensando até tarde. sentado no chão olhando nada. e agora? mudar o tom? escrever histórias mais leves? suaves? coloridas… sem tanto cinza. e… não, isso não. não ia mudar o tom, mudar o que escrevia por causa dela. não mesmo. porra, ele escrevia sobre a vida. era isso. a vida. cheia de violência, sexo e humor negro. cheia de acasos estranhos, coincidências impossiveis. essa porra toda. cheia de alegria e desgostos. puta que pariu. ela que se foda. não fora a primeira a lhe dar um fora. provavelmente não seria a última. simples assim. quem sabe não encontraria uma que gostasse dos seus escritos… é. quem sabe.

ele sentou-se diante do notebook e digitou o fora. é, basicamente isso. um fora. quando terminou de ler, percebeu que era o primeiro a escrever que não tinha tanto opu nenhum sexo ou violência ou, como ela bem cuspira em seu rosto… perversões. ele manda a história para o e-mail dela.

no outro dia, ele liga para ela:

- taí, uma história bem menos violenta, bem menos suja, bem menos. mas igualmente fodida. o que você achou meu bem?

- não devia nem ter atendido. e quer saber, essa foi sua pior história.

ela bateu o telefone. puto de raiva, ele voltou ao notebook e escreveu:

fui até a casa da vadia e comi ela ela e depois que ela gozou, eu disse: – aproveita, porque foi a última vez que te fiz gozar. – você. mas tem outros, respondeu ela.

ele começou a rir e riu durante muito tempo. tempo demais até. qauando acabou, percebeu que não dava a mínima para ela. uma leitora frustada. tudo bem. todo escritor tem sua cota. fazer o quê.

então tomou um banho demorado e bateu uma boa.

domingo, 25 de setembro de 2011

TIJOLO

Um instigante noir passado nas entranhas de um colégio, com direito a tudo aquilo que sempre tornou inconfundível nos livros de Dashiel Hammet e Raymond Chandler. Variáveis de tudo que se tem de bom ou mal no gênero: femme-fatale, os caras maus cheios de grana, o submundo sob uma camada de aparente paz, o detetive envolvido com algo maior do que ele imaginava a princípio. Algumas reviravoltas aqui, outras lá. Não é imprevisível, mas bastante divertido.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

E O VENTO LEVOU

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"Frankly My Dear, I Don't Give a Damn."

A melhor cena de um clássico. E o vento levou é daquelas obras que o cinema não faz mais.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A LENTIDÃO

MIlan Kundera

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TRECHO:

o livro

1.
Sentimos vontade de passar a tarde e a noite num castelo. Muitos deles, na França, foram transformados em hotéis: um quadrado verde perdido numa extensão de feiura desprovida de verde; uma pequena extensão de aleias, e árvores, de pássaros no meio de uma imensa rede de estradas. Estou dirigindo e, pelo retrovisor, observo um carro atrás de mim. A pequena luz à esquerda pisca e o carro todo emite ondas de impaciência. O motorista espera a oportunidade de me ultrapassar; espera esse momento como uma ave de rapina espreita um pássaro.

Vera, minha mulher, me diz: “A cada cinquenta minutos morre um homem nas estradas da França. Repare bem nesses loucos em volta de nós. São exatamente os mesmos que se comportam com uma prudência extraordinária quando uma senhora de idade é assaltada diante deles na rua. Como podem não ter medo quando estão dirigindo?”.

O que responder? Talvez isso: o homem curvado em sua motocicleta só pode se concentrar naquele exato momento de seu voo; agarra-se a um fragmento retirado tanto do passado quanto do futuro; é arrancado da continuidade do tempo; está fora do tempo; em outras palavras, está num estado de êxtase; em tal estado, não sabe nada de sua idade, nada de sua mulher, nada de seus filhos, nada de suas preocupações e, portanto, não tem medo, pois a fonte do medo está no futuro e quem se liberta do futuro nada tem a temer.

A velocidade é a forma de êxtase que a revolução técnica deu de presente ao homem. Ao contrário do motociclista, quem corre a pé está sempre presente em seu corpo, forçado a pensar sempre em suas bolhas, em seu fôlego; quando corre, sente seu peso, sua idade, consciente mais do que nunca de si mesmo e do tempo de sua vida. Tudo muda quando o homem delega a uma máquina a faculdade de ser veloz: a partir de então, seu próprio corpo fica fora do jogo e ele se entrega a uma velocidade que é incorpórea, imaterial, velocidade pura, velocidade em si mesma, velocidade êxtase.

Curiosa aliança: a fria impessoalidade da técnica e as chamas do êxtase. Lembro-me daquela americana que, há trinta anos, com expressão severa e entusiasmada, uma espécie de apparatchik do erotismo, me deu uma aula (glacialmente teórica) sobre a liberação sexual; a palavra que surgia com maior frequência em seu discurso era a palavra orgasmo; eu contei: quarenta e três vezes. O culto do orgasmo: o utilitarismo puritano projetado na vida sexual; a eficácia em contraposição à ociosidade; o coito reduzido a um obstáculo que é preciso ultrapassar o mais rápido possível para chegar a uma explosão extática, único objetivo verdadeiro do amor e do universo.

Por que o prazer da lentidão desapareceu? Ah, para onde foram aqueles que antigamente gostavam de flanar? Onde estão eles, aqueles heróis preguiçosos das canções populares, aqueles vagabundos que vagavam de moinho em moinho e dormiam sob as estrelas? Será que desapareceram junto com as veredas campestres, os prados e as clareiras, com a natureza? Um provérbio tcheco define a doce ociosidade deles com uma metáfora: eles estão contemplando as janelas de Deus. Aquele que contempla as janelas de Deus não se aborrece; é feliz. Em nosso mundo, a ociosidade transformou-se em desocupação, o que é uma coisa inteiramente diferente; o desocupado fica frustrado, se aborrece, está constantemente à procura do movimento que lhe falta.

Olho pelo retrovisor: ainda é o mesmo carro, que não pode me ultrapassar por causa do trânsito no sentido contrário. Ao lado do motorista está sentada uma mulher; por que será que o homem não lhe conta alguma coisa engraçada? Por que não põe a mão no joelho dela? Em vez disso, amaldiçoa o motorista que, diante dele, não anda rápido o bastante, e a mulher também não pensa em tocá-lo com a mão, dirige mentalmente com ele e também me amaldiçoa.

E penso naquela outra viagem de Paris para um castelo no campo que aconteceu há mais de duzentos anos, a viagem de Madame de T. e do jovem cavalheiro que a acompanhava. É a primeira vez que estão tão perto um do outro, e a indizível atmosfera de sensualidade que os cerca nasce justamente da lentidão da cadência: balançados pelo movimento da carruagem, os dois corpos se tocam, primeiro sem querer, depois querendo, e a história começa.

2.
Eis o que narra o conto de Vivant Denon: um fidalgo de vinte anos está certa noite no teatro. (Nem seu nome nem seu título são mencionados, mas eu o imagino um cavalheiro.) No camarote vizinho, vê uma mulher (o conto indica apenas a primeira letra de seu nome: Madame de T.): é uma amiga da condessa que é a amante do cavalheiro. Ela pede que ele a acompanhe depois do espetáculo. Surpreso com esse comportamento decidido e mais confuso ainda porque conhece o favorito de Madame de T., um certo marquês (não
sabemos seu nome; entramos no mundo dos segredos, onde não existem nomes), o cavalheiro, sem compreender nada, se vê na carruagem ao lado da bela mulher. Depois de uma viagem doce e agradável, a carruagem para no campo, diante da escadaria do castelo onde, aborrecido, o marido de Madame de T. os recebe. Os três jantam num ambiente taciturno e sinistro, depois o marido pede desculpas e os deixa a sós.

Nesse momento, começa a noite deles: uma noite composta como um tríptico, uma noite que é como um percurso em três etapas: primeiro, passeiam no parque; em seguida, fazem amor num pavilhão; e finalmente continuam a se amar num quarto secreto do castelo.

De manhã bem cedo, eles se separam. Sem conseguir encontrar seu quarto no labirinto de corredores, o cavalheiro volta para o parque onde, espantado, encontra o marquês, o mesmo que ele sabe que é o amante de Madame de T. O marquês, que acaba de chegar ao castelo, cumprimenta-o alegremente e explica a razão do convite misterioso: Madame de T. precisava de alguém que servisse de biombo para que ele, o marquês, continuasse insuspeito aos olhos do marido. Satisfeito que a farsa tivesse dado certo, ele caçoa do cavalheiro que foi obrigado a cumprir a missão bastante ridícula de falso amante. Este, cansado depois da noite de amor, volta para Paris na carruagem que o marquês, agradecido, lhe oferece.

Intitulado Point de lendemain, o conto foi publicado pela primeira vez em 1777; o nome do autor foi substituído (já que estamos no mundo dos segredos) por seis maiúsculas enigmáticas, m.d.C.o.d.r., em que se pode ler “M. Denon, Cavalheiro Ordinário do Rei”. Depois, com uma tiragem minúscula, e de modo totalmente anônimo, foi republicado em 1779, antes de reaparecer no ano seguinte sob o nome de
outro escritor. Novas edições surgiram em 1802 e em 1812, ainda sem o verdadeiro nome do autor; finalmente, depois de um esquecimento que durou meio século, reapareceu em 1866. A partir daí, foi atribuído a Vivant Denon e, no decorrer de nosso século, ganhou fama sempre crescente. Está hoje em dia entre as obras literárias que parecem melhor representar a arte e o espírito do século XVIII.

3.
Na linguagem corrente, a noção de hedonismo designa uma inclinação amoral para uma vida voltada para o prazer, até mesmo para o vício. Certamente a noção é inexata: Epicuro, o primeiro grande teórico do prazer, entendeu a vida feliz de um modo extremamente cético: sente prazer aquele que não sofre. É o sofrimento, portanto, que é a noção fundamental do hedonismo: somos felizes na medida em que
sabemos afastar o sofrimento; e como os prazeres trazem muitas vezes mais infelicidade do que felicidade, Epicuro não recomenda senão os prazeres modestos e prudentes. A sabedoria epicurista tem um fundo melancólico: atirado à miséria do mundo, o homem constata que o único valor evidente e seguro é o prazer, mesmo pequeno, que ele próprio pode sentir: um gole de água fresca, um olhar para o céu (para as janelas de Deus), uma carícia.

Modestos ou não, os prazeres só pertencem àquele que os experimenta, e um filósofo, com toda razão, poderia criticar no hedonismo seu fundamento egoísta. Entretanto, na minha opinião, não é o egoísmo que é o calcanhar de Aquiles do hedonismo, mas seu caráter (ah, tomara que eu esteja enganado!) desesperadamente utópico: na verdade, duvido que o ideal hedonista possa se realizar; receio que a vida que ele nos recomenda não seja compatível com a natureza humana.

O século XVIII , com sua arte, fez com que os prazeres saíssem da bruma das interdições morais; fez nascer a atitude que chamamos de libertina e que emana dos quadros de Fragonard, de Watteau, das páginas de Sade, de Crébillon filho e de Duclos. É por isso que o meu jovem amigo Vincent adora esse século e, se pudesse, usaria como distintivo na lapela de seu casaco o perfil do marquês de Sade. Compartilho de sua admiração mas acrescento (sem porém ser ouvido) que a verdadeira grandeza dessa arte não reside numa propaganda qualquer do hedonismo, mas em sua análise. É essa a razão pela qual considero As ligações perigosas de Choderlos de
Laclos um dos maiores romances de todos os tempos.

Seus personagens não se ocupam senão da conquista do prazer. No entanto, pouco a pouco, o leitor compreende que é menos o prazer e mais a conquista que os tenta. Que não é o desejo de prazer, mas o desejo de vitória que conduz a dança. Que aquilo que aparece primeiro como um jogo alegre e obsceno se transforma imperceptível e inevitavelmente numa luta de vida e de morte. Mas o que tem em comum a luta com o hedonismo? Epicuro escreveu: “O homem sábio não procura nenhuma atividade ligada à luta”.

A forma epistolar das Ligações perigosas não é um simples procedimento técnico que poderia ser substituído por outro. Essa forma é eloquente em si mesma e nos diz que tudo aquilo que os personagens viveram foi vivido para ser contado, transmitido, comunicado, confessado, escrito. Num mundo em que tudo se conta, a arma ao mesmo tempo mais facilmente acessível e a mais mortal é a divulgação. Valmont, o herói do romance, envia à mulher que ele seduziu uma carta de ruptura que a destruirá; ora, foi sua amiga, a marquesa de Merteuil, quem a ditou, palavra por palavra. Mais tarde, essa mesma Merteuil, por vingança, mostra uma carta confidencial de Valmont a seu rival; este irá provocá-lo para um duelo e Valmont morrerá. Depois de sua morte, a correspondência íntima entre ele e Merteuil será divulgada e a marquesa acabará sua vida desprezada, perseguida e banida.

Nada nesse romance é segredo exclusivo de dois seres; todo mundo parece estar dentro de uma imensa concha sonora em que cada palavra sussurrada ressoa, ampliada, em ecos múltiplos e intermináveis. Quando eu era pequeno, diziam-me que colocando uma concha na orelha eu ouviria o eterno murmúrio do mar. É assim que, no mundo de Laclos, cada palavra continua audível para sempre. Será isso o século XVIII? Será isso o paraíso do prazer? Ou será que o homem, sem se dar conta, sempre viveu numa dessas conchas
ressonantes? Em todo caso, uma concha ressonante não é o mundo de Epicuro, que ordena a seus discípulos: “Viverás escondido!”.

4.
O homem da recepção é gentil, mais gentil do que geralmente se costuma ser nas portarias dos hotéis. Lembrando¿se de que havíamos estado ali havia dois anos antes, conta que muita coisa mudou desde então. Criaram uma sala de conferências para diversos tipos de seminários e construíram uma bela piscina. Interessados em vê-la, atravessamos um hall muito claro, com grandes janelas dando para o parque. No fim do hall, uma grande escada desce para a piscina, grande, azulejada, com um teto de vidro. Vera me lembra: “Da última vez havia aqui um pequeno jardim de rosas”.

Instalamo-nos em nosso quarto, depois saímos para o parque. As sacadas verdes descem em direção ao rio, o Sena. É bonito, ficamos deslumbrados, com vontade de dar um grande passeio. Depois de alguns minutos aparece uma estrada por onde os carros passam correndo; voltamos para trás.

O jantar é excelente, todos bem vestidos, como se quisessem prestar homenagem ao passado cuja lembrança palpita ainda sob o teto da sala. Ao nosso lado, instala-se um casal com seus dois filhos. Um deles canta em voz alta. O garçom inclina-se sobre sua mesa com uma bandeja. A mãe olha fixamente para ele, querendo incitá-lo a elogiar a criança que, orgulhosa por ser observada, fica de pé na cadeira e aumenta a voz ainda mais. No rosto do pai aparece um sorriso de felicidade.

Um maravilhoso vinho bordeaux, pato, uma sobremesa — segredo da casa —, conversamos, satisfeitos e despreocupados. Depois, voltando para o quarto, ligo um pouco a televisão. Também ali, crianças. Dessa vez, são negras e agonizantes. Nossa estada no castelo coincidiu com a época em que, durante semanas, todos os dias, mostravam crianças de um país africano com um nome já esquecido (tudo isso aconteceu pelo menos há dois ou três anos, como guardar todos esses nomes!), devastado pela guerra civil e pela fome. As crianças estão magras, esgotadas, não têm mais forças para fazer um gesto e espantar as moscas que passeiam em seus rostos.

Vera me diz: “Será que existem também velhos morrendo nesse país?”. Não, não, o que foi interessante nessa fome, o que a tornou única entre milhões de fomes que acontecem na Terra, é que ela atingiu apenas as crianças. Nunca vimos um adulto sofrer na tela, mesmo que olhássemos o noticiário todos os dias, exatamente para confirmar essa circunstância jamais vista.

É portanto inteiramente normal que não fossem os adultos, mas as crianças, que tivessem se revoltado contra essa crueldade dos velhos e, com toda a espontaneidade que lhes é própria, lançassem a célebre campanha “As crianças da Europa enviam arroz para as crianças da Somália”. A Somália! Mas claro! Esse famoso slogan me fez encontrar o nome perdido! Ah, pena que tudo isso já esteja esquecido! Compraram pacotes de arroz, uma quantidade infinita de pacotes. Os pais, impressionados por esse sentimento de solidariedade planetária que existia em seus filhos, ofereceram dinheiro, e todas as instituições deram sua ajuda; o arroz foi juntado nas escolas, transportado até os portos, embarcado em navios em direção à África, e todo mundo pôde seguir a gloriosa epopeia do arroz.

Imediatamente depois das crianças moribundas, a tela é invadida por meninas de seis, oito anos, estão vestidas como adultas e se comportam com a maneira simpática de velhas coquetes; ah, é tão encantador, tão comovente, tão engraçado quando as crianças se comportam como adultos, as meninas e meninos beijam-se na boca, depois aparece um homem com um bebê nos braços e, enquanto nos explica a melhor maneira de lavar a roupa que o bebê acaba de sujar, aproxima-se uma bela mulher, entreabre a boca e mostra uma língua terrivelmente sensual que começa a penetrar a boca terrivelmente abobalhada do carregador de bebê. “Vamos dormir”, diz Vera, e apaga a televisão.

5.
As crianças francesas correndo para ajudar suas pequenas companheiras africanas sempre me lembram o rosto do intelectual Berck. Eram então seus dias de glória. Como muitas vezes acontece com a glória, a dele foi provocada por um fracasso; recordemos: nos anos 80 de nosso século, o mundo foi atingido pela epidemia de uma doença chamada Aids, que se transmitia pelo contato amoroso e, a princípio, atingia sobretudo os homossexuais. Para colocar-se contra os fanáticos que viam na epidemia um castigo divino justo e evitavam os doentes como se fossem pestilentos, os espíritos tolerantes manifestavam fraternidade e tentavam provar que não havia
perigo nenhum em conviver com eles. Assim, o deputado Duberques e o intelectual Berck almoçaram num célebre restaurante parisiense com um grupo de aidéticos; o almoço transcorreu numa atmosfera excelente e, a fim de não deixar passar nenhuma oportunidade de dar um bom exemplo, o deputado Duberques convocou as câmeras para a hora da sobremesa. Assim que apareceram na porta, ele se levantou, aproximou-se de um doente, levantou-o de sua cadeira e deu--lhe um beijo na boca ainda cheia de musse de chocolate.

domingo, 18 de setembro de 2011

LADRÕES DE CAVALO

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‘Quando eu desenho ladrões de cavalo, não digo que roubar cavalos é errado. Essa é uma preocupação dos jurados, não minha.’

Anton Tchekov

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Filme completo – uma obra de arte, ecoando nos cantos mais irracionais da mente humana. Sugestivamente aterrorizante.

PELOS SEUS SENTIDOS

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Ninguém duvida que o homem seja modificado pelos seus sentidos, mas, por não podermos distinguir tais modificações, confundimos-lhes as causas. Reconhecemos um domínio excessivo, mas também insuficiente das sensações, não percebendo que freqüentemente não só nos afetam como sensações mas ainda como sinais e imagens, e que seus efeitos morais também possuem causas morais. Tal como os sentimentos despertados em nós pela pintura não vêm das cores, o império que a música possui sobre nossa alma não é obra dos sons.’ Belas cores bem graduadas agradam à vista, mas tal prazer é uma sensação pura. São o desejo e a imitação que conferem vida e alma a essas cores, são as paixões por elas reveladas que comovem as nossas, são os objetos por elas representados que nos afetam. O interesse e o sentimento não dependem das cores. Os traços de um quadro tocante também tocam numa estampa. Tirai os traços de um quadro e as cores nada serão.


A melodia constitui exatamente, na música, o que o desenho representa na pintura — assinala traços e figuras, nos quais os acordes e os sons não passam de cores. Mas, dir-me-ão, a melodia não passa de uma sucessão de sons. Sem dúvida, mas o desenho também nada mais é do que um arranjo de cores. Um orador serve-se da tinta para escrever suas obras, porém isso significará ser a tinta um licor de forte eloquência?

Essai sur l’origine des langues – Jean-Jacques Rousseau

quixotando.

O ASSASSINO EM MIM

Jim Thompson

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Trecho:

Em muitos livros que leio o escritor parece ficar maluco sempre que um momento decisivo se aproxima. Ele começa a omitir a pontuação e a juntar palavras a esmo e se perde num discurso incoerente sobre estrelas brilhantes ou sobre mergulhos em mares profundos e sem sonhos. E você não consegue saber se o herói está transando com a garota dele ou com uma pedra. Acho que esse tipo de merda é considerado algo bastante profundo, percebo que muitos críticos gostam disso. Mas o que acho é que o escritor é preguiçoso demais para fazer o serviço dele. E eu posso ser tudo, menos preguiçoso. Vou contar tudo.
Mas tudo na ordem certa.
Quero que entenda como ocorreu.

peripatetismo de quarto.

sábado, 17 de setembro de 2011

DJIBOUT de elmore leonard

Entrevista cedida à Jesse Pearson

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Às vezes não parece arriscado, não saber o rumo da história?
Não. Não me preocupo com isso. Se não funcionar, não funcionou. Mas se eu gostar dos personagens, sei que vai funcionar. Sei que vou me divertir com eles, isso para mim é o principal. O processo de escrever tem que ser divertido, senão esquece.

Deve ser legal para você, já que está sempre escrevendo.
Estou escrevendo um livro agora. Se chama Djibouti. Tem a ver com os piratas Somalis.

Uau!
Uma cineasta de 35 anos começa a ler sobre esses piratas no jornal e decide que quer fazer um documentário sobre eles. Ele fez três documentários até agora e todos ganharam prêmios. O Katrina, ela fez em Nova Orleans, onde morava, então saiu de casa e filmou Katrina. Ela fez um outro sobre supremacia branca chamado… Esqueci o nome.

Então a personagem do seu novo livro é baseada nessa cineasta?
Não, ela é minha personagem.

É totalmente fictícia? Pelo jeito que você fala dela, eu pensaria que ela realmente existe.
Eu sei, é porque eles se tornam reais para mim. Depois que acaba o livro, fico imaginando: “O que será que eles estão fazendo agora?”

Isso é incrível.
Então, ela arruma um assistente, que é um negão enorme de 72 anos que era marinheiro. Ele já deu a volta ao mundo umas 50 vezes. Já esteve por essas águas, pelo Mar Vermelho, Golfo de Áden, Oceano Índico, contornou a Península Somali. É lá que esses piratas estão operando. No livro tem até aquele último sequestro do navio americano, em que eles mantiveram o capitão como refém em um bote salva-vidas, e que atiradores de elite atiraram nos três piratas—um tiro em cada um.

Aqueles disparos foram impressionantes.
Eles não estavam tão distantes. O bote estava alinhado com o destroyer. Os atiradores estavam atrás do destroyer e acho que eles estavam com os rifles apoiados em um giroscópio para conseguir manter o nível.

Mas três tiros na cabeça, de um barco gigante flutuando no mar, para um bote no escuro… é bem impressionante, com ou sem giroscópio.
Três tiros para acabar com a história.

Adoro esses piratas.
Bom, ela também adora, tem uma simpatia enorme por eles pelo fato de sua área de pesca estar sendo contaminada por lixo tóxico. Eles também estavam tendo uma concorrência enorme com grandes companhias chinesas e japonesas que estavam mandando pescadores para lá. Então eles começaram a sequestrar navios para pedir resgate.

E os seus personagens principais entendem o lado deles.
Logo no primeiro capítulo, ela chega em Djibouti. O assistente já está lá com um barco alugado. Naquela noite, ele mostra Djibouti, que é um caos absoluto, para ela. Eles cruzam com um pirata que está na cidade para uma noitada, ele tem uma Mercedes e vai dar uma volta. Não é um pirata qualquer, tem um certo nível e muito dinheiro. Vive pela Somália. Ela também conheceu outro cara no vôo de Paris que sai por aí conversando com piratas, tentando convencê-los de que isso não vai acabar bem.

Tentando desviar eles do caminho que escolheram.
Isso. E ele é saudita, estudou em Oxford e tem um jeito meio britânico. É um cara bacana, se chama Ari, mas todo mundo conhece ele como Harry. Idris é o nome do pirata. Também têm outras pessoas envolvidas. Tem um cara que se chama Billy Wynn que está em um iate de 2 milhões de dólares, com uma garota que adora mas está sendo testada. Eles dão a volta ao mundo e se ela não reclamar ou enjoar, ele provavelmente vai casar com ela. Ele é engraçado, um pouco estranho.

Viceland.

A BELA scarlett johansson

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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

recompensa

''As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade o amor é recompensa por você ter resolvido os seus problemas.''

Norman Mailer

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

o doutor e tardis

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oceanos sim!

Desejo dar uma volta por aquelas altas e áridas cordilheiras de montanhas onde se morre de sede e frio, por aquela história "extratemporal", aquele absoluto de tempo e espaço onde não existe homem, nem fera, nem vegetação, onde se fica louco de solidão, com linguagem que é de meras palavras, onde tudo é desengachado, desengrenado, sem articulação com os tempos. Desejo um mundo de homens e mulheres, de árvores que não falem (porque já existe conversa demais no mundo!) de rios que levem a gente a lugares, não rios que sejam lendas, mas rios que ponham a gente em contato com outros homens e mulheres, com arquitetura, religião, plantas, animais - rios que tenham barcos e nos quais os homens se afoguem, mas não se afoguem no mito e lenda e nos livros e poeira do passado, mas no tempo e no espaço e na história. Desejo rios que façam oceanos como Shakespeare e Dante, rios que não se sequem no vazio do passado. Oceanos sim! Tenhamos novos oceanos que apaguem o passado, oceanos que criem novas formações geológicas, novas vistas topográficas e continentes estranhos, aterrizadores, oceanos que destruam e preservem ao mesmo tempo, oceanos nos quais possamos navegar, partir para novas descobertas, novos horizontes. Tenhamos mais oceanos, mais convulsões, mais guerras, mais holocaustos. Tenhamos um mundo de homens e mulheres com dínamos entre as pernas, um mundo de fúria natural, de paixão, ação, drama, sonhos, loucura, um mundo que produza extâse e não peidos secos. Creio hoje mais do que nunca é preciso procurar um livro ainda que de uma só grande página: precisamos procurar fragmentos, lascas, unhas dos dedos dos pés, tudo quanto contenha minério, tudo quanto seja capaz de ressuscitar o corpo e a alma.

Henry Miller

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

exibida

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nada

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nada de interessante para fazer. nada. não consigo pensar em nada. nenhuma inspiração. fico inquieto por nada. porque nada enche o saco. o nada. vida de nada. que merda. não consigo pensar em nada. tudo vazio. e nada. logo eu que gosto de escrever. agora: nada.

morte natural

"Love never dies a natural death. It dies because we don’t know how to replenish its source. It dies of blindness and errors and betrayals. It dies of illness and wounds; it dies of weariness, of witherings, of tarnishings."

-Anaïs Nin

death becomes her.

sobre o assassinato da rainha do circo

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capa maravilhosa, como o são todas as capas dos pulps, com sua extravagância e cores berrantes, sua insinuação de violência e nudez. maravilhoso.

tank girl

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é punk, é linda, é mortífera. perigosa e sedutora. quadrinho britânico muito louco. coisa fina.

a alma sabe

"The soul always knows what to do to heal itself. The challenge is to silence the mind."

-Caroline Myss

nada a ver

"My real self wanders elsewhere, far away, wanders on and on invisibly and has nothing to do with my life."

-Hermann Hesse

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

as artes

The arts are not a way of making a living. They are a very human way of making life more bearable. Practicing an art, no matter how well or badly, is a way to make your soul grow, for heaven’s sake. Sing in the shower. Dance to the radio. Tell stories. Write a poem to a friend, even a lousy poem. Do it as well as you possibly can. You will get an enormous reward. You will have created something.

— Kurt Vonnegut, A Man Without a Country, 2005

fuck yeah kurt vonnegut.

à prova de morte

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nos filmes de quentin tarantino nunca faltam: diálogos espertos, personagens marcantes e as homenagens (alguns diriam plágio) ao bom e velho cinema b.

toriymoi.

eu sou a cara arrebentada de jack

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clube da luta é foda não apenas pela maneira como trata brilhantemente os temas a que se propõe, é foda porque é um puta filme emocionante e divertido pra caralho.

o que é amor

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…o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul.
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir… acho que isso é amor.

fernanda pasian

rachinha.

a família addams por charles addams

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o humor negro. a ironia. os personagens maravilhosamente bizarros. seja na série, nos filmes ou nas tiras. em qualquer arte a família addams é cativante e sempre atraiu meu lado sombrio e bem humorado. gosto principalmente da wandinha, a pequena psicopata sempre tentando dar fim no irmão.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

stella!

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uma rua chamada desejo.

the 400 blows.

pierrot le fou

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fuckyeahsubtitles.

a leitora adormecida

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Marek Langowiski

o cão que comeu o livro.

não seria perfeito?

Charlie Chaplin ler na banheira livro

«Se há coisa injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Penso que o ciclo da vida está de trás para a frente, invertido. Deveríamos morrer primeiro e livrarmo-nos logo desse problema. A seguir, viver num asilo, ser corrido para fora de lá a pontapé, por estarmos demasiado novos. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Depois de trabalhar 40 anos, rejuvenescer o bastante para aproveitar a reforma. De seguida divertirmo-nos ao máximo, bebermos muito álcool, fazermos muitas festas e prepararmo-nos para a faculdade. Entrar no liceu, termos várias namoradas, ficar crianças sem nenhuma responsabilidade, até ficarmos um bebé de colo. Voltar para útero da nossa mãe, passar os últimos nove meses de vida flutuando. E terminar tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?»

Charlie Chaplin

o cão que comeu o livro.

DESABAFO

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OK, o lance é o seguinte: estou cansado desses super-heróis que não são "super" nem "heróis". Mas eu estou cansado mesmo é de Hollywood nos culpando por suas cagadas. Estou farto e cansado e ouvir os executivos de Hollywood, que estão completamente alienados ao gosto do americano médio, culpando eu, você e todo mundo por não ter pago o ingresso do cinema para ver o lixo deles. A Mulher-Gato não deu certo? Em vez de reconhecer que o filme foi uma grande e fumegante pilha de bosta que não servia nem pra fertilizante, eles concluíram que uma mulher não pode liderar um filme de ação que não seja a Angelina Jolie. Então, não só somos os culpados por não pagar por 90 minutos de insulto intelectual, como também somos babacas machistas.

Eles falaram que o problema do Lanterna é que ele não foi ousado e escuro o suficiente. É claro que o problema não foi esse!

Olha, eu gosto das coisas sombrias. Eu escrevo um personagem sombrio (o Justiceiro). Há uma hora e um lugar certo para o sombrio. Eu levo o meu Batman de forma bem sombria e isso significa que meu filho de 11 anos deve esperar pra ver o Cavaleiro das Trevas. Mas se Hollywood fizer um filme do Superman que eu não possa levar o meu filho de 11 anos, é porque eles fizeram algo de errado. O Superman é muitas coisas, mas sombrio não ;e com certeza. Richard Donner certamente é o cara que entendeu isso!

E para as pessoas que torcem o nariz para heróis como Superman, Mulher-Maravilha e Capitão América, heróis que se sacrificam por um bem maior, para as pessoas que ficam dizendo "ah, isso é muito irreal, ninguém é tão nobre assim"... Para essas pessoas, eu digo: CRESÇAM! Cinismo não é maturidade! Não confundam um com o outro! Se você não consegue aceitar uma história onde alguém faz algo certo porque é a coisa certa a se fazer, isso diz muito mais sobre quem você é do que o que os personagens são!

Isso não é um argumento para sofisticação da audiência. A sofisticação não nega sinceridade, assim como o filme do Capitão América provou. A sofisticação não demanda algo mais sombrio, mas sim uma narrativa melhor e motivações mais claras. "Sombrio" é uma palavra onde o realismo é o tom. É por isso que os documentários não são o principal produto das salas de cinema. Sofisticação não demanda realismo. Sofisticação demanda inteligência!

Greg Rucka (escritor de o justiceiro, mulher-maravilha, queen and country, witheout, gothan contra o crime)

melhores do mundo.

macia

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sepulcro indiano

dança hipnótica coreografada pelo grande fritz lang. a cobra maravilhosamente falsa sequer atrapalha, na verdade até acrescenta um eco de magia e truque à sequência. e de truques e magia o senhor lang entendia muito bem. era um cineasta que entendia como filmar tanto delírios como a realidade crua. e sempre de maneira instigante.

vale lembrar que gosto muito desses filmes de aventura que se passam em lugares exóticos e distantes (como o homem que queria ser rei) que hoje em dia se tornaram praticamente inviáveis a não ser em gêneros específicos como fantasia, sci-fi ou terror.

viver e morrer no cinema.